Abril é o mês da campanha Abril Lilás, voltada à conscientização sobre o câncer de testículo. Embora seja um tipo de câncer raro, ele é mais comum entre homens de 15 a 40 anos — justamente uma faixa etária que costuma não se considerar em risco.

Como urologista, vejo de perto o impacto que a falta de informação pode causar. Por isso, aproveito esse período para reforçar orientações simples que podem salvar vidas: reconhecer sinais, entender os fatores de risco e fazer o autoexame testicular regularmente.

Por que o Abril Lilás é importante?

Entre 2015 e 2024, mais de 47 mil cirurgias de retirada de testículo foram realizadas no SUS por causa de câncer. Só entre 2014 e 2023, foram 4.057 mortes pela doença — e a maioria em homens com menos de 40 anos.

Apesar dos números, quando o câncer é descoberto no início, as chances de cura passam de 95%. Informação e vigilância fazem toda a diferença.

Sintomas do câncer de testículo

O câncer de testículo, na maioria das vezes, não causa dor. Justamente por isso, é importante observar:

  • Um caroço ou inchaço em um dos testículos;
  • Diferença de tamanho entre eles;
  • Endurecimento do testículo acometido;
  • Sensação de peso na bolsa escrotal;
  • Dor na virilha ou na parte baixa do abdômen;
  • Em casos mais avançados, pode haver dor nas costas, cansaço ou falta de ar.

Como fazer o autoexame testicular

Sempre oriento que o autoexame seja feito uma vez por mês, durante ou logo após o banho morno, quando o escroto está mais relaxado:

  • Fique em pé e observe inicialmente os seus testículos, preferencialmente em frente ao espelho e veja se há alterações do tamanho dos testículos;
  • Segure um testículo de cada vez entre os dedos;
  • Palpe delicadamente procurando nódulos ou alterações na consistência (um testículo endurecido é sinal de alteração);
  • Atenção: É normal sentir uma estrutura mole na parte de cima do testículo — isso é o epidídimo.

Se notar qualquer alteração ou ficar com dúvidas, procure um urologista.

Fatores de risco

Pacientes com as seguintes características têm mais chance de desenvolver esse tipo de câncer:

  • Teve testículo que não desceu (criptorquidia);
  • Já teve câncer no outro testículo;
  • Tem histórico familiar da doença;
  • Apresenta infertilidade;
  • Está entre os 20 e 40 anos.

Diagnóstico

O primeiro passo é uma consulta médica com histórica clínica e exame físico detalhados. Se houver suspeita, peço:

  • Ultrassonografia escrotal;
  • Exames de sangue com marcadores tumorais (AFP, beta-hCG e LDH).

Esses exames ajudam a confirmar o diagnóstico e planejar o tratamento.

Tratamento do câncer de testículo

O tratamento depende do tipo e do estágio do tumor. Em geral, começamos com a retirada do testículo (orquiectomia). Em alguns casos, indicamos também:

  • Quimioterapia ou radioterapia;
  • Cirurgia de retirada dos linfonodos, quando necessário — muitas vezes, por via robótica.

Mesmo após o tratamento, o acompanhamento regular é indispensável.

E a fertilidade?

Essa é uma das maiores dúvidas dos pacientes. Se o outro testículo estiver saudável, é possível manter a fertilidade. Mas, se o tratamento envolver quimioterapia ou retirada de ambos os testículos, orientamos que seja feito o congelamento seminal antes do início da terapia.

Perguntas frequentes sobre câncer de testículo

Qual a idade mais comum?

Entre 15 e 40 anos.

O câncer de testículo tem cura?

Sim. Em fases iniciais, o índice de cura é superior a 95%.

Caroço no testículo sempre é câncer?

Não, mas precisa ser investigado.

A doença pode voltar?

Pode, principalmente em casos mais avançados. Por isso, o acompanhamento é tão importante.

Falar sobre saúde íntima ainda é tabu para muita gente. Mas esse silêncio só atrasa o diagnóstico e o tratamento. Meu convite é simples: aprenda a observar o seu corpo. Faça o autoexame!

Preste atenção nos sinais. E, se tiver qualquer dúvida ou mudança no seu corpo, procure um médico com brevidade. Pode ser decisivo.